Ninguém
será capaz de descrever plenamente como é o Céu, pois é algo inefável,
que não há palavras para explicar. São Paulo disse que aos coríntios
que: "o que os olhos não viram, nem os ouvidos ouviram, nem o coração
humano imaginou (Is 64,4), tais são os bens que Deus tem preparado para
aqueles que o amam". (1Cor 2,9).
Diz o nosso Catecismo que: "Os
que morrem na graça e na amizade de Deus, e que estão totalmente
purificados, vivem para sempre com Cristo. São para sempre semelhantes a
Deus, porque o vêem "tal como ele é" (1Jo 3,2), face a face: (1Cor 13,
12; Ap 22, 4)". (§1023)
Jesus deixou claro: "o meu Reino não é
deste mundo" (Jo 18,36), e falou muito do Céu: "De que vale o homem
ganhar o mundo inteiro se vier a perder a vida eterna" (Mc 18,36);
"ajuntai tesouros no Céu onde a traça e o ladrão não entram..." (Mt
6,20); "os justos resplandecem no Céu" ( Mt 13, 43). Ao moço rico Jesus
disse: "Se queres ser perfeito, vai, vende os teus bens, e dá aos
pobres, terás um tesouro no Céu" (Mt 18,21).
O Papa Bento XII (1334-1342), na encíclica "Benedictus Deus" confirmou o Céu como dogma de fé e que lá já estão os santos:
"Com
a nossa autoridade apostólica definimos que, segundo a disposição geral
de Deus, as almas de todos os santos mortos antes da Paixão de Cristo
(...) e de todos os outros fiéis mortos depois de receberem o santo
Batismo de Cristo, nos quais não houve nada a purificar, quando
morreram, (...) ou ainda, se houve ou há algo a purificar, quando,
depois da sua morte, tiverem acabado de fazê-lo, (...) antes mesmo da
ressurreição nos seus corpos e de juízo geral, e isto desde a ascensão
do Senhor e Salvador Jesus Cristo ao Céu, estiveram, estão e estarão
no Céu, no Reino dos Céus e no paraíso celeste com Cristo, admitidos na
sociedade dos santo anjos. Desde a paixão e a morte de Nosso Senhor
Jesus Cristo, viram e vêem a essência divina com uma visão intuitiva e
até face a face sem a mediação de nenhuma criatura" (LG 49).
O
Papa Paulo VI, em 1967, e sua Profissão de Fé, "O Credo do Povo de
Deus", ratificou a realidade do Céu e a intercessão dos santos por nós:
"Cremos
que a multidão daqueles que estão reunidos em torno de Jesus e de Maria
no Paraíso forma a Igreja do Céu, onde na beatitude eterna vêem a Deus
como Ele é, e onde estão também, em graus diversos, associados com os
Santos Anjos ao governo divino exercido pelo Cristo na glória,
intercedendo por nós e ajudando nossa fraqueza por sua solicitude
fraterna " (n. 29).
A grande força da Igreja nesses vinte
séculos, que a fez vencer todas as formas de perseguição e tribulação,
foi a certeza do Céu; a Igreja sabe que a eternidade lhe pertence; por
isso não se desespera nunca com as mazelas deste mundo. Santa Maria
Egípcia, após a sua maravilhosa conversão, viveu no deserto, por mais de
cinqüenta anos, na mais dura penitência. Próximo da sua morte, São
Zózimo lhe perguntou como ela pudera suportar, naquele lugar de
horrores, uma vida tão austera. E a resposta foi essa: "Meu padre, com a
esperança do Céu"!
É essa "esperança do Céu" que precisa ser
re-semeada sobre a terra. Para muitos o Céu já nem existe mais... Que
tristeza! Mas como é o Céu?
O Catecismo nos ensina muitas coisas:
"Essa
vida perfeita com a Santíssima Trindade, essa comunhão de vida e de
amor com Ela, com a Virgem Maria, os Anjos e todos os Bem aventurados, é
denominada "o Céu". O Céu é o fim último e a realização das aspirações
mais profundas do homem, o estado de felicidade suprema e definitiva.
Viver no Céu é "viver com Cristo" (Jo 14, 3; Fl 1,23; 1Ts 4, 17). Os
eleitos vivem "nele", mas lá conservam - ou melhor, lá encontram - sua
verdadeira identidade, seu nome próprio (Ap 2, 17). Por sua morte e
Ressurreição Jesus Cristo nos "abriu" o Céu. A vida dos bem-aventurados
consiste na posse em plenitude dos frutos da redenção operada por
Cristo, que associou à sua glorificação celeste os que creram nele e
ficaram fiéis à sua vontade. O céu é a comunidade bem-aventurada de
todos os que estão perfeitamente incorporados a Ele." (§1024-1028)
A
Igreja ensina que na glória do Céu os bem-aventurados continuam a
cumprir com alegria a vontade de Deus em relação aos outros homens e à
criação inteira. Já reinam com Cristo; "com Ele reinarão pelos séculos
dos séculos. (Ap 22,5; Mt 25, 21. 23)
Na Oração Sacerdotal Jesus
disse: "Ora, a vida eterna consiste em que conheçam a Ti, um só Deus
verdadeiro, e a Jesus Cristo que enviaste." (Jo 17, 3). Esta é uma
excelente referência de como será o Céu: um conhecimento contínuo de
Deus; e, como Deus é infinito, este conhecimento também o será, por toda
a eternidade. No Céu não haverá fastio, não nos cansaremos de
contemplar a cada instante a Face de Deus que sempre nos será nova. E o
louvor, então, naturalmente, será incessante diante das maravilhas de
Deus.
Alguns perguntam se no Céu veremos os nossos entes
queridos; São Tomás de Aquino, responde: "A contemplação da Essência
divina não absorve os santos de maneira a impedir-lhes a percepção das
coisas sensíveis, a contemplação das criaturas e a sua própria ação.
Reciprocamente, essa percepção, essa contemplação e essa ação não os
podem distrair da visão beatífica de Deus. Assim era em relação a Nosso
Senhor aqui na terra" (Suma Teológica 30,84).
Disse Santo
Agostinho, na "Cidade de Deus", diz que os bem-aventurados "formarão uma
cidade, onde terão todos uma só alma e um só coração, de tal sorte que,
na perfeição dessa unidade, os pensamentos de cada um não serão ocultos
aos outros".
São Francisco Xavier, lá das Indias, escrevia a Santo
Inácio de Loyola, seu pai espiritual: "Dizeis, no excesso de vossa
amizade por mim, que desejareis ardentemente ver-me ainda uma vez antes
de morrer. De fato, não nos tornaremos a ver na terra senão por meio de
cartas. Mas no Céu, ah! se-lo-á face a face! E então como nos
abraçaremos!" (Cartas de São Francisco Xavier, 93, nº 3).
Prof. Felipe Aquino