Padre Nilson assumirá Paróquia Nossa Senhora de Fátima, em Vitorino Freire-MA

Paróquia Nossa Senhora de Fátima, de Vitorino Freire. No alto, foto do pároco a ser empossado, Pe. Nilson

No próximo domingo (24), às 19:30h, Padre José Nilson Chagas Bezerra tomará posse como novo pároco de Vitorino Freire. Assumirá então os trabalhos da Paróquia Nossa Senhora de Fátima, que era administrada por Padre Airton Andrade, agora transferido para Capinzal do Norte. 

Padre Nilson passou alguns meses na Paróquia Santa Terezinha, juntamente com Padre Lauro Henrique, mas por necessidades pastorais, viu-se a necessidade de sua saída para Vitorino. 

Como forma de despedida e acolhida do novo Pároco, no último dia 03/02, Padre Airton divulgou em uma rede social uma carta aos seus antigos paroquianos. Leia na íntegra.

Carta de Padre Airton aos paroquianos de Vitorino Freire-MA

Graça e paz da parte de Deus nosso Pai e de Jesus nosso Bem Amado Irmão e Senhor...”.

Pedi muito a Deus força e coragem por meio da oração para escrever esta carta aos meus paroquianos, posso dizer que ela está recheada de dois sentimentos profundos: dor e alegria. Dor, por ter que me despedir de uma comunidade paroquial que deu passos firmes, que aos poucos está se reestruturando, de povo animado. E, alegria por saber que em tão pouco tempo, conseguimos mostrar que a beleza e a grandeza de ser Igreja.

Há exatamente três anos, quando aqui cheguei, sem conhecer nada nem ninguém, fui tomando conhecimento da dimensão geográfica, financeira e estrutural da paróquia. Confesso que sofri muito, talvez aqui tenha sido o lugar que mais sofri e sofrerei em toda a minha vida sacerdotal, mas também foi aqui onde aprendi o amor de Deus e do próximo, foi aqui que percebi que força da oração e da união se vence todos e quaisquer desafio da vida, foi aqui que percebi não só a comunidade, mas a sociedade unida defendendo seu pastor e sua Igreja. 

"Em meu lugar virá o pe. Nilson! Acolham bem,
sejam corteses, ajude-o", pede Padre Airton
ao povo de Vitorino Freire em sua carta

No dia que tomei posse como pároco, disse que assumiria esta paróquia com alegria e temor, alegria por saber que aqui era uma paróquia com muitas comunidades rurais (Ceb´s) – e temor, por saber da herança histórica dos franciscanos e por substituir um padre que tenha ficado tanto tempo no mesmo lugar (essa foi a maior dificuldade que já enfrentei na vida sacerdotal). 

Nesse dia, mencionei alguns desejos e sonhos a serem realizados na minha gestão a saber: Ser mais presente nas Comunidades, valorizar mais as pessoas, atender melhor quem procurasse a paróquia, não excluir ninguém, usar os meios de comunicação para evangelizar, trabalhar com transparência e lutar pela independência financeira da paróquia, zelar pela liturgia e pela espiritualidade, incentivar a formação dos leigos, fazer com que a Igreja na política, não fosse partidária, e sim formadora de consciência que pelo voto podemos mudar nossa realidade.

Apesar de minha fraqueza, de minha debilidade de saúde, me dediquei dia e noite, sem descanso para realizar esses objetivos, se não os alcancei, só me resta à atitude de pedir desculpas e perdão. Se não fui um pároco zeloso, pastor fiel e atencioso como vocês mereciam. De minha parte, não faltou esforço e sacrifício, e muitas vezes fazendo da fraqueza a força, mesmo na dor não negar um sorriso e uma expressão de felicidade. 

Mas o tamanho da paróquia, o tanto de comunidades, fez com que eu tomasse essa atitude: pedisse ao bispo de ser transferido, quero fazer uma experiência diferente, quero morar em um lugar pequeno e pobre, onde eu pudesse atender como deve ser e como as comunidades merecem. Em meu lugar virá o pe. Nilson! Acolham bem, sejam corteses, ajude-o. 

No meu caso, poderia ter feito muito mais se na minha chegada tivesse sido acolhido por quem o deveria ter feito. Por isso suplico como sempre supliquei para que não sejam cristãos de padre e sim de Cristo. Quero saber sempre boas notícias daqui, do empenho, do serviço e da participação ativa de cada fiel desta paróquia.

Todos sabem também, queridos irmãos do meu sonho de ver uma Igreja bonita, não só de pedra e concreto, mais de gente, de homens e mulheres de boa vontade. A isso procurei acolher a todos, sem acepção nem distinção de raça, cor, condição social, ideologias políticas. Acolhi a todos com o mesmo carinho e a mesma dedicação. 

Por isso esforçai-vos para que o progresso na fé em vocês seja constante, a perseverança seja concreta, e que a esperança de uma Igreja nova impulsione a cada um para que este nosso sonho se torne realidade.
Agradeço em primeiro lugar a Deus por esta oportunidade de vivenciar esses três anos nessa paróquia; aos funcionários: França, Lourival, Anes, Botafogo e Zé, que estiveram mais diretamente trabalhando comigo; aos dirigentes, catequistas agentes de pastorais e movimentos; aos empresários, comerciantes e fazendeiros que sempre nos patrocinaram nos eventos da paróquia; às autoridades civis e militares por quem tive respeito e fui respeitado, aos pastores e irmãos das Igrejas Evangélicas pela convivência, pela aceitação e pela tolerância; às irmãs: Teresinha, Brandina e Lúcia, se não fosse o trabalho e testemunho de consagrada de vocês essa história não seria a mesma; à todas as famílias que me acolheram em suas casas, aos que partilharam comigo seus alimentos, um espaço em suas mesas e em seus corações, aos que rezaram por mim e comigo. Não vou dizer nomes, cada um sabe o que fez por mim. Só peço a Deus que derrame suas bênçãos e graças, que os premei com a recompensa dos santos.

Vou embora e não deixo quase nada! Mas o que deixo é tão precioso e caro que nenhum dinheiro deste mundo poderá comprar. Deixo o AMOR de Cristo e o meu amor, partilhado em cada Eucaristia aqui celebrada. Deixo a amizade, deixo um abraço e a certeza de que rezemos sempre uns pelos outros.

Pe. Airton de Andrade Bezerra

Vitorino Freire, 03 de fevereiro de 2013

Fotografia: Frei Lucas, OFM / Pe. Airton Andrade

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