“Meu coração e minha alma já perdoaram o agressor”. Essas palavras
foram ditas pelo monsenhor Jamil Nassif Adib, de 72 anos, esfaqueado no
tórax por Luiz Fernando Gonçalves, de 24 anos, no último domingo (19),
enquanto celebrava a missa das 19 horas na Catedral de Santo Antonio, em
Piracicaba (164 km de São Paulo), onde é pároco.
A declaração do padre, que também é vigário-geral da Diocese da cidade,
foi divulgada por meio de nota (confira a íntegra abaixo) enviada pela
Santa Casa de Piracicaba, onde ele passou por cirurgia - para a
colocação de um dreno a fim de estancar a hemorragia no tórax - e se
recupera dos ferimentos. Na manhã desta terça-feira (21), segundo a
assessoria do hospital, o religioso passa bem e seu estado continua
estável, porém sua recuperação deve se estender por pelo menos mais
quatro dias.
Na manhã de segunda-feira (20), o monsenhor foi submetido a novos
exames de raio-x para a avaliação da região atingida pela perfuração.
Logo em seguida, foi transferido da emergência da Santa Casa para um
quarto no Hospital Santa Isabel, instalado ao lado da instituição.
O autor do atentado está preso no Centro de Detenção Provisória de
Piracicaba. Ele foi detido por guardas municipais instantes depois de
esfaquear o monsenhor no lado esquerdo do tórax. Aos guardas, o rapaz
disse que agiu "por ordem de Deus". Ele deve responder por tentativa de
homicídio, segundo a Polícia Civil.
O bispo diocesano Dom Fernando Mason disse que o rapaz aparentava ter
desequilíbrio psicológico. "O ato não se configura fanatismo religioso.
Mostrou que o rapaz é claramente perturbado. Disse ter recebido ordens
divinas, mas não acredito", afirmou.
Confira abaixo a íntegra da nota do monsenhor:
"Difícil encontrar sentido para os fatos violentos que vitimam
milhares de pessoas todos os dias pelo mundo, já que não há
justificativa para a violência em hipótese alguma. No meu caso
específico, talvez seja mais fácil constatar apenas que o indivíduo que
me atacou durante o encerramento da Semana da Família ontem (19) agiu
incorretamente. Alguns me perguntam sobre o perdão e eu, então,
prontamente afirmo que meu coração e minha alma já perdoaram este
indivíduo. Resta-me agora o desejo pleno de que as pessoas realmente
tentem criar uma sociedade familiar, mais amiga e fraterna. Gostaria,
aliás, de aproveitar este fato para lembrar a todos que é preciso
restaurar a família; fazer com qu e ela recupere o seu papel de
formadora, educadora e promotora do crescimento da comunidade com base
em princípios éticos. Só assim trabalharemos em conjunto para que fatos
como este sejam cada vez mais isolados."
Monsenhor Jamil
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