“Não cobiçarás a casa de teu próximo, não
desejarás sua mulher, nem seu servo, nem sua serva, nem seu boi, nem
seu jumento, nem coisa alguma que pertença a teu próximo” (Ex 20,17).
E Jesus disse: “Todo aquele que olhar
para uma mulher com desejo libidinoso já cometeu adultério com ela em
seu coração” (Mt 5,28). Cristo quer cortar o mal pela raiz porque o
pecado nasce no pensamento.
São João distingue três espécies de
cobiça ou concupiscência: a concupiscência da carne, a concupiscência
dos olhos e a soberba da vida. Conforme a tradição catequética católica,
o nono mandamento proíbe a concupiscência carnal; o décimo proíbe a
concupiscência dos bens alheios.
A pureza do coração nos permitirá ver a
Deus e nos permite desde já ver todas as coisas segundo Deus. A
purificação do coração exige a oração, a prática da castidade, a pureza
da intenção e do olhar.
Todo batizado deve lutar contra a
concupiscência da carne e as tendências desordenadas das baixas paixões,
que são fruto do pecado original. Com a graça de Deus, podemos e
devemos alcançar a pureza do coração, pela virtude e pela castidade,
pois ela permite amar com um coração reto. A vida de pureza se consegue
vivendo o conselho de Jesus: “Vigiai e orai, pois o espírito é forte,
mas a carne é fraca” (Mt 26, 41). Uma fuga “heróica” é a do pecado; pois
“quem ama o perigo nele perecerá”. Sabemos que “a ocasião faz o
ladrão”; logo, a prudência manda fugir do perigo.
Pela pureza do olhar, exterior e
interior; pela disciplina dos sentimentos e da imaginação; pela recusa
de toda complacência nos pensamentos impuros que tendem a desviar do
caminho dos mandamentos divinos, pode-se cultivar uma vida de pureza e
santidade. Isto exige fugir de toda ocasião de pecado. A
pureza exige o pudor: o vestir-se discretamente para que as outras
pessoas não sejam levadas a pecar; o falar com prudência, etc… O pudor
preserva a intimidade da pessoa. É não mostrar aquilo que deve ficar
escondido. Está ordenado para a castidade, exprimindo sua delicadeza. O
pudor é modéstia. Mantém o silêncio ou certa reserva quando se entrevê o
risco de uma curiosidade que não faz bem.
É importante ensinar o pudor a crianças e
adolescentes e despertá-los para o respeito à pessoa humana. A pureza
cristã requer uma purificação do clima social. A pureza do coração
liberta a pessoa do erotismo tão difuso e afasta-a dos espetáculos que
favorecem o “voyeurismo” e a ilusão.
A permissividade dos costumes se apoia
numa concepção errônea da liberdade humana; para se edificar, a
verdadeira liberdade tem necessidade de se deixar educar pela lei moral.
Os responsáveis pela educação precisam dar à juventude um ensino
respeitoso da verdade, das qualidades do coração e da dignidade moral e
espiritual do homem.
Prof. Felipe Aquino
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