Liturgia, escola de oração: este foi o
tema da catequese de Bento XVI, proferida diante de 25 mil fiéis na
Praça São Pedro, na manhã desta 4ª feira. “É o próprio Senhor que nos
ensina a rezar” – afirmou o Pontífice.
O Papa disse que “na realidade, somente
em Cristo o homem é capaz de se unir a Deus com a profundidade e a
intimidade que um filho tem com seu pai. E explicou que “para aprender a
viver com mais intensidade a relação pessoal com Deus Uno e Trino,
aprendemos a invocar o Espírito Santo, primeiro dom do Ressuscitado aos
que creem”. “Na leitura e na meditação das Escrituras, o Espírito Santo
nos ensina a rezar”, completou.
A ideia central expressa pelo Pontífice é
que existe outra fonte para crescer na oração, estritamente relacionada
à precedente: a Liturgia, âmbito privilegiado em que Deus fala com cada
um de nós e aguarda nossas respostas.
Mas o que é a Liturgia? Segundo a
tradição cristã – como indicado no Catecismo da Igreja Católica –
significa a participação do Povo de Deus na obra de Deus. E de que obra
de Deus somos chamados a participar? O Concílio Vaticano indica duas
respostas: a primeira são as ações históricas que nos salvam, culminadas
na Morte e Ressurreição de Jesus Cristo; e a segunda, na celebração da
liturgia como «obra de Cristo».
Os dois significados são
inseparavelmente ligados, e se resumem na ação de Cristo através da
Igreja, especialmente no Sacramento da Eucaristia, no Sacramento da
Reconciliação e em outros atos sacramentais que nos santificam. Assim, o
Mistério Pascal da Morte e Ressurreição de Cristo foi o centro da
teologia litúrgica do Concílio. De fato, o Papa recordou que o esquema
da Liturgia foi o primeiro tema discutido no Concílio Vaticano II, e
também o primeiro a ser aprovado.
Citando mais uma vez o Catecismo, Bento
XVI lembrou que “toda celebração sacramental é um encontro dos filhos
com Deus e com o seu Pai, em Cristo e no Espírito Santo, e tal encontro
se realiza no diálogo, por meio de ações e palavras”. “Portanto, a
primeira condição para uma boa celebração litúrgica é que haja oração e
conversa com Deus: escuta e resposta. E o elemento fundamental,
primário, do diálogo com Deus na liturgia, é a concordância entre o que
dizemos com os lábios e o que trazemos em nosso coração. Concluindo o
discurso, o Papa insistiu que com esta atitude, nossos corações estarão
livres dos fardos deste mundo e subirão ao alto, rumo à verdade e ao
amor.
Após a catequese em italiano, Bento XVI fez resumos do texto em várias línguas, inclusive em português:
“Ao tratar o tema da oração, nestes
últimos meses, procuramos aprender a rezar de modo cada vez mais
autêntico, fixando o olhar em algumas grandes figuras, especialmente no
exemplo de Jesus, cientes de que somente Ele é capaz de nos unir a Deus
com a profundidade e intimidade de filhos que Lhe podem chamar: Abba,
Pai. Pois bem! Um âmbito privilegiado, onde Deus fala a cada um de nós e
espera a nossa resposta é a liturgia. Nesta, o povo fiel toma parte na
obra de Deus, isto é nas ações por Ele realizadas na história humana que
nos trazem a salvação e que culminam na Morte e Ressurreição de Jesus. A
liturgia é o «espaço» onde o Mistério da Morte e Ressurreição se torna
atual, se faz presente no meu hoje, através da ação de Cristo na Igreja.
Por isso, cada celebração litúrgica, especialmente a Eucaristia, é um
encontro dos filhos de Deus com o seu Pai, por Cristo e no Espírito
Santo.
Queridos peregrinos de língua
portuguesa, a todos vós dirijo uma calorosa saudação! Particularmente,
saúdo os membros da Ordem de Cavalaria do Santo Sepulcro de Jerusalém e
todos os grupos vindos do Brasil. Tende por centro da vossa vida de
oração a liturgia, que vos une ao Mistério de Cristo e ao Seu diálogo
com o Pai, procurando que concordem as palavras de vossos lábios com os
sentimentos do coração. E que desça sobre vós as bênçãos de Deus”.
Antes de encerrar o encontro, o Papa
recordou que hoje celebramos a memória dos santos médicos Cosme e
Damião. Bento XVI pediu aos jovens que ajudem a curar os sofrimentos dos
irmãos com carinho, e confortou os doentes afirmando que a melhor
terapia é a confiança em Deus, a quem falamos com a oração.
Fonte: CNBB
0 comentários:
Postar um comentário