Dom Pedro Casaldáliga |
Dom Leonardo Steiner, secretário
geral da CNBB, enviou, na terça-feira, 18, uma carta aos bispos do
Brasil esclarecendo a situação do Povo indígena Xavante no Mato Grosso
na qual se encontra o bispo emérito de São Felix do Araguaia, dom Pedro
Casaldáliga. “Dom Pedro está sereno e acompanhando todo o processo de
devolução da terra aos índios”, diz dom Leonardo.
O
secretário diz ter recebido mensagens e telefonemas buscando
informações sobre os acontecimentos que obrigaram Dom Pedro a Prelazia
e, por isso, resolveu enviar algumas informações que podem ajudar a
compreender o que está acontecendo de modo a favorecer também a união
solidária de todos com o Povo Xavante, com as famílias dos pequenos
agricultores e com Dom Pedro Casaldáliga e Dom Adriano Ciocca Vasino, o
bispo de São Felix.
“Dom
Adriano, por telefone, comunicou-me que a Polícia Federal diante das
ameaças de morte havia aconselhado Dom Pedro a deixar temporariamente
São Félix”, explicou dom Leonardo. “Apesar da idade e do estado de
saúde, ele viajou no mesmo dia com Pe. Paulo, agostiniano, que o assiste
diariamente, tendo sido fraternalmente acolhido por irmãos nossos em
outra diocese”, complementou.
Dom
Leonardo esclarece as razões da saída de dom Pedro: “a decisão de Dom
Pedro de deixar São Félix foi motivada pela reação dos ocupantes não
índios diante decisão judicial de retirar os não índios da terra do Povo
Xavante localizada nos municípios de São Félix e Alto Boa Vista. Como a
Prelazia sempre defendeu a devolução da terra aos índios, sempre houve
uma certa tensão e ameaça. Com a desintrusão elas aumentaram. A saída de
Dom Pedro mostra mais uma vez que a violência não vem dos índios, como
também não vem dos pequenos agricultores”.
A
situação de conflito da terra Xavante não é de hoje, segundo a
exposição do secretário. “É uma longa história de êxodo e sofrimento de
um povo. A terra indígena, após a retirada forçada dos Xavante nos anos
60, foi sendo dividida em grandes fazendas. Para assegurarem essas
terras invadidas, incentivaram a vinda de famílias que adquiriram lotes
na terra Xavante”, detalha dom Leonardo. Ele ainda lembra que “após anos
de disputa judicial, houve a determinação da desintrusão da terra
indígena. A Prelazia sempre insistiu com os diversos órgãos do executivo
e do judiciário para que houvesse justiça com o Povo Xavante e com as
famílias dos pequenos agricultores”. E informa: “foram envolvidos cinco
ministérios na preparação e execução do plano de retirada dos não
índios, para cumprir o que a justiça havia determinado, seguindo o que
reza a Constituição Brasileira. O plano elaborado pelo Governo atende a
insistência da Prelazia”.
O
secretário admite que todos sabiam da tensão e da dor que chegariam,
“especialmente às famílias de pequenos agricultores que venderam a
propriedade em outros Estados para adquirir terra indígena de pessoas
que a negociavam ilegalmente”. Na condição de antecessor de dom
Adriano, o bispo auxiliar de Brasília dá testemunho de que “a Prelazia,
na pessoa de seus Bispos e Agentes de pastoral, acompanhou durante todos
esses anos a luta do Povo Xavante em todos os momentos, bem como das
famílias dos pequenos agricultores. Os Padres salesianos cuidam
pastoralmente da aldeia, e a Prelazia está presente com a Pastoral da
Criança e outras iniciativas. Estive muitas vezes entre os Xavante, como
também visitei a comunidade católica na região”.
Dom
Leonardo finaliza a carta aos bispos com um apelo: “acompanhemos com
nossas preces e nossa solidariedade fraterna a Dom Pedro, a Dom Adriano,
a toda a Prelazia nesse momento de sofrimento”.
Fonte: Notícias Canção Nova
Fonte: Notícias Canção Nova
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