“A rejeição a Deus pelo mundo
contemporâneo leva à rejeição do outro, principalmente dos mais
vulneráveis”. Foi uma das avertências feitas pelo Papa Bento XVI durante
a tradicional Missa do Galo, na segunda-feira (24), na Basílica de
São Pedro.
“Estamos
completamente ‘cheios’ de nós mesmos, de modo que não resta qualquer
espaço para Deus; deste modo, a grande questão moral sobre o modo como
nos comportamos com os estrangeiros, os refugiados, os imigrantes ganha
um sentido ainda mais fundamental: Temos verdadeiramente lugar para
Deus, quando Ele tenta entrar em nós?” – questionou o Papa na missa,
concelebrada no Altar da Confissão por cerca de 30 cardeais.
No
início da cerimônia, de mais de duas horas, acompanhada por um coral em
latim, música de órgão e som de trombetas, Bento XVI percorreu a
Basílica de São Pedro sobre uma plataforma móvel, saudando e abençoando
os fiéis que o aplaudiam.
“Correntes
de pensamento muito difundidas afirmam que a religião, em particular o
monoteísmo, seria a causa da violência e das guerras no mundo; que seria
preciso libertar a humanidade da religião para se estabelecer a paz;
que o monoteísmo, a fé em um único Deus, seria prepotência, motivo de
intolerância, já que por sua natureza tentaria se impor a todos com a
pretensão da única verdade”.
“É
certo que o monoteísmo serviu durante a história como pretexto para a
intolerância e para a violência” – esclareceu o Pontífice, continuando:
“É verdade que uma religião pode se desviar e chegar a se opor à
natureza mais profunda quando o homem pensa que deve tomar em suas mãos a
causa de Deus, fazendo de Deus sua propriedade privada. Devemos estar
atentos contra a distorção do sagrado”.
A este respeito, Bento XVI definiu a violência em nome de Deus como uma “doença da religião”:
“Mas
mesmo que seja incontestável um certo uso indevido da religião na
história, não é verdade que o "não" a Deus restabeleceria a paz. Se a
luz de Deus se apaga, se extingue também a dignidade divina do homem”,
concluiu Bento XVI.
Em seguida, o Papa convidou os fiéis a “irem ‘virtualmente’ a Belém, aos lugares onde o Senhor viveu, trabalhou e sofreu:
“Rezemos
nesta hora pelas pessoas que atualmente vivem e sofrem em Belém.
Rezemos para que lá haja paz. Rezemos para que israelenses e palestinos
possam conduzir sua vida na paz do único Deus e na liberdade. Peçamos
também pelos países vizinhos – o Líbano, a Síria, o Iraque, etc. – para
que lá se consolide a paz. Que os cristãos possam conservar suas casas
naqueles países onde teve origem a nossa fé; que cristãos e muçulmanos
construam, juntos, seus países, na paz de Deus”.
Fonte: Notícias Canção Nova
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