Um sinal forte dessa Cristofobia é o ataque como nunca se viu antes aos símbolos católicos. |
“Perguntou-lhe
então Pilatos: És, portanto, rei? Respondeu Jesus: Sim, eu sou rei. É
para dar testemunho da verdade que nasci e vim ao mundo. Todo o que é da
verdade ouve a minha voz” (João 18,37).
Jesus veio ao
mundo para salvá-lo, ensinando a verdade de Deus que nos liberta e
salva; por isso Ele é “sinal de contradição”. Quando seus pais o levaram
para apresenta-lo no Templo de Jerusalém, o velho Simeão profetizou:
“Eis que este menino está destinado a ser uma causa de queda e de
soerguimento para muitos homens em Israel, e como um sinal de
contradição, a fim de serem revelados os pensamentos de muitos corações”
(Lc 2, 34-35).Jesus veio como a Luz de Deus a brilhar nas trevas do
mundo pagão: “Nele havia a vida, e a vida era a luz dos homens. A luz
resplandece nas trevas, e as trevas não a compreenderam” (Jo 1,4-5).
Falando de João Batista, o evangelista diz: “Este veio como testemunha,
para dar testemunho da luz, a fim de que todos cressem por meio dele.
Não era ele a luz, mas veio para dar testemunho da luz. Era a verdadeira
luz que, vindo ao mundo, ilumina todo homem. Estava no mundo e o mundo
foi feito por Ele, mas o mundo não o reconheceu. Veio para o que era
seu, mas os seus não o receberam.” (v. 7-11).
O mundo de
trevas e de pecado odeia a Cristo e a sua luz porque Ele torna manifesto
o seu mal; e o mundo sem Deus não suporta isso. O mundo entra em crise
quando ouve Jesus. Por isso vemos hoje no Ocidente, outrora todo
cristão, um laicismo anti-cristão e anti-católico como nunca vimos
antes.
Toda a vida de
Cristo foi um constante sinal de contradição. Veio ao mundo como Rei,
mas nasceu numa manjedoura pobre, fria e austera. Foi acolhido pelos
pobres pastores e logo perseguido pelo rei Herodes. Dono do mundo, teve
de deixar a sua terra e foi exilar-se no Egito para fugir da morte.
Sua Lei era a
verdade. “Eu vim ao mundo para dar testemunho da Verdade”. “Eu sou a
verdade” (Jo 14, 6); não apenas “uma” verdade, mas “A” verdade; a única.
Mostrou ao mundo que sem a verdade não há salvação: “Se permanecerdes
na minha palavra, sereis meus verdadeiros discípulos; conhecereis a
verdade e a verdade vos libertará” (Jo 8,32). Ele é o Verbo que “se fez
carne e habitou entre nós, e vimos sua glória, a glória que o Filho
único recebe do seu Pai, cheio de graça e de verdade. (Jo 1, 14)
“Ora, este é o
julgamento: a luz veio ao mundo, mas os homens amaram mais as trevas do
que a luz, pois as suas obras eram más. Porquanto todo aquele que faz o
mal odeia a luz e não vem para a luz, para que as suas obras não sejam
reprovadas. Mas aquele que pratica a verdade, vem para a luz. Torna-se
assim claro que as suas obras são feitas em Deus” (Jo 3,21).
Aqueles que
fazem o mal amam as trevas, as caladas das noites para praticar os
crimes, as corrupções, os conchavos… Cristo não recuou diante das
ofensas e perseguições; hoje a Igreja precisa imitá-lo como fez nesses
dois mil anos. São Mateus narrou no capitulo 10 do seu Evangelho, as
recomendações que Jesus deu aos Doze Apóstolos; e lhes deixou claro a
perseguição que sofreriam. Quase todos morreram martirizados por causa
de Jesus.
“Cuidai-vos dos
homens. Eles vos levarão aos seus tribunais e açoitar-vos-ão com varas
nas suas sinagogas. Sereis por minha causa levados diante dos
governadores e dos reis: servireis assim de testemunho para eles e para
os pagãos… Sereis odiados de todos por causa de meu nome, mas aquele que
perseverar até o fim será salvo… O discípulo não é mais que o mestre, o
servidor não é mais que o patrão. Se chamaram de Beelzebul ao pai de
família, quanto mais o farão às pessoas de sua casa!… Não julgueis que
vim trazer a paz à terra. Vim trazer não a paz, mas a espada… Eu vim
trazer a divisão entre o filho e o pai, entre a filha e a mãe, entre a
nora e a sogra, e os inimigos do homem serão as pessoas de sua própria
casa”. (Mt 10,17-42)
Mais do antes
hoje se nota uma aversão a Cristo e à Igreja Católica porque ela é fiel a
Ele e a seus ensinamentos. Especialmente nas universidades se nota uma
repulsa à Igreja Católica e às verdades que ela ensina; e procura-se a
todo custo – com muita mentira e maldade - mostrar aos jovens que ela é
obscurantista, como se fosse contra a ciência, e destaca-se os erros dos
filhos da Igreja sem mostrar a beleza de tudo quanto a Igreja fez e faz
pelo mundo.
Há no Ocidente
hoje uma verdadeira Cristofobia. O Papa Bento XVI desde o início do seu
pontificado tem condenado o que chama de “ditadura do relativismo” que
quer proibir as pessoas de serem e pensarem diferente do que se chama
hoje de “politicamente correto” (ser a favor do aborto, eutanásia,
cultura marxista, casamento de homossexuais, coabitação livre,
manipulação de embriões, útero de aluguel, inseminação artificial, sexo
livre, camisinha, contracepção, etc.).
Vai se formando
uma mentalidade, uma cultura social, no sentido de fazer, inclusive os
cristãos, acharem “normal” essas imoralidades. Começamos a ver jovens e
adultos cristãos acharem que a Igreja está “exagerando em suas
exigências” e que é preciso ser mais tolerante… É bom lembrar que Jesus
amava o pecador, mas era intolerante com o pecado. “Vai e não peques
mais”.
Um sinal forte
dessa Cristofobia é o ataque como nunca se viu antes aos símbolos
católicos. Temos visto livros, artigos, peças de teatro, e filmes
agressivos e blasfematórios contra a Igreja, contra Jesus Cristo e o
sagrado. Prega-se o ateísmo como se fosse ciência, e tenta-se reduzir a
religião e a teologia a meras crendices de ignorantes. Por outro lado,
as seitas orientais e cristãs se espalham no Ocidente como uma mancha de
óleo no mar.
Mas o pior de
tudo é que este pernicioso relativismo religioso e moral atingiu também a
Igreja; contesta-se a palavra do Papa dentro dos Seminários e
universidades católicas; desobedece-se ostensivamente o Magistério da
Igreja, volta-se contra os seus ensinamentos morais e doutrinários.
Segmentos agressivos dentro da Igreja exigem mudar aquilo que há dois
mil anos a Igreja vive e não muda, por determinação de Cristo e dos
Apóstolos, como o sacerdócio para mulheres. Essa insistência descabida,
partindo de dentro da própria Igreja, contra o que ensina a sua sagrada
Tradição, perturba a sua caminhada.
A Igreja quer
apenas ser fiel a seu Senhor. Ele a instituiu divinamente sobre Pedro e
os Apóstolos (cf. Mt 16,16s; 18, 18) e “concedeu-lhes participar de sua
própria infalibilidade” (cf. Catecismo, §889) para ser o “sacramento
universal da salvação” (LG 48). Ela quer apenas dar o mesmo testemunho
da verdade que Cristo deu. Assim se expressou o Concilio Vaticano II:
“Nenhuma
ambição terrestre move a Igreja. Com efeito, guiada pelo Espírito Santo
ela pretende somente uma coisa: continuar à obra do próprio Cristo que
veio ao mundo para dar testemunho da verdade, para salvar e não para
condenar, para servir e não para ser servido” (GS, 3).
Sem verdade não
há salvação. São Paulo disse a Timóteo que “Deus quer que todos se
salvem e cheguem ao conhecimento da verdade” (1Tm 2,5); em seguida
completou: “ A Igreja é a coluna e o fundamento da verdade” (1Tm 3, 15).
Logo, sem a Igreja não há verdade religiosa.
O Catecismo da
Igreja afirma com todas as letras que antes do Cristo voltar – que
ninguém sabe quando será - a Igreja passará por uma terrível provação.
“Antes do
advento de Cristo, a Igreja deve passar por uma provação final que
abalará a fé de muitos crentes (Lc 18,8; Mt 24,12). A perseguição que
acompanha a peregrinação dela na terra (Lc 21,12; Jo 15,19-20)
desvendará o “mistério de iniqüidade” sob a forma de uma impostura
religiosa que há de trazer aos homens uma solução aparente a seus
problemas, à custa da apostasia da verdade. A impostura religiosa
suprema é a do Anticristo, isto é, a de um pseudomessianismo em que o
homem glorifica a si mesmo em lugar de Deus e de seu Messias que veio na
carne” (2Ts 4-12; 1 Ts 5,2-3; 2Jo 7; 1Jo 2,18.22). (§675)
O que abalará a
fé de muitos crentes será uma impostura religiosa, isto é, uma falsa
religião, uma falsa doutrina, que trará uma falsa solução dos problemas
do mundo e, sobretudo a “apostasia da verdade”. A grande mentira será a
glorificação do homem no lugar de Cristo.
Quando São
Paulo escreveu aos tessalonicenses falando da segunda vinda de Cristo,
deixou claro que os que se perderem, será por causa da “apostasia da
verdade”. “Porque primeiro deve vir a apostasia, e deve manifestar-se o
homem da iniqüidade, o filho da perdição, o adversário, aquele que se
levanta contra tudo o que é divino e sagrado, a ponto de tomar lugar no
templo de Deus, e apresentar-se como se fosse Deus.”
São Paulo
alerta que “o homem da iniqüidade” “usará de todas as seduções do mal
com aqueles que se perdem, por não terem cultivado o amor à verdade que
os teria podido salvar… Desse modo, serão julgados e condenados todos os
que não deram crédito à verdade, mas consentiram no mal” (2Ts 2, 4-9).
O demônio é “o
pai da mentira” (Jo 8,44) e é especialista nesta arte de enganar os
homens; mas Cristo o desmascara. Essa verdade que nos pode salvar é a
que Jesus pregou, os Apóstolos registraram nos Evangelhos e a Igreja
ensina. Quem a vive hoje torna-se sinal de contradição, como Cristo. A
Igreja continua sendo esse sinal entre os homens, porque ela é a voz de
Cristo.
Professor Felipe Aquino
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